sexta-feira, 29 de julho de 2011

Os desafios para uma educação de qualidade

"Ousarei expor aqui a mais importante, a maior, a mais útil regra de toda educação: não ganhar tempo, mas perdê-lo."
(Jean-Jacques Rousseau)

Apesar dos nítidos avanços, principalmente na última década, seja no incremento considerável de recursos através do FUNDEB e outras medidas importantes, tais como: a aprovação do Piso Nacional dos Professores, da aprovação da obrigatoriedade do ensino de sociologia e filosofia no Ensino Médio, da ampliação do número de Escolas Técnicas, das melhorias estruturais de grande parcela das Escolas por todo o País, da interiorização da universidade e da criação de importantes ações afirmativas no Ensino Superior, ainda é precário, o estado da nossa educação.
Isto porque, o nosso problema, da Educação, não está unicamente associado ao aspecto econômico (incremento de recursos), mas sim, a grande defasagem de uma política de construção do conhecimento. Ou seja, a Educação não é uma corrida onde se passa uma grande quantidade de conteúdo e se estabelece pouca preocupação com a formação desses indivíduos, desses cidadãos (humanidade). O reflexo disso é a produção de um ensino meramente metódico, que não forma ninguém, e despreocupado com as reais necessidades do País.
Nunca alcançaremos o status de País desenvolvido, enquanto não tratarmos a Educação com mais seriedade e como um grande movimento em prol de uma nova concepção de nação. Onde todos possuem, através da obtenção desse conhecimento, condições de construírem suas vidas e sonhos, ou seja, a verdadeira transformação social.
Mas, não é de hoje que se abordam questões como estas acima citadas em nosso País. Basta remetermos ao grande movimento denominado “Manifesto dos Pioneiros”, estabelecido no ano de 1932, por lideranças expressivas do movimento educacional da época, tais como: Fernando de Azevedo, Clarice Lispector, Anísio Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima.
Entre as principais idéias propostas pelo Manifesto dos Pioneiros, destacam-se: a luta por uma educação sem discriminação social, ou seja, o ensino para todos; a adoção de um ensino laico, pois naquela ocasião a Igreja Católica exercia forte influência na educação do País, onde, apenas uma pequena parcela da população tinha acesso à Educação; e a principal bandeira, era a luta pela renovação da Educação, um grande movimento que lutava por uma Educação gratuita, pública, democrática, obrigatória e que também se preocupava com questões importantes e essenciais, como a formação dos professores e uma concepção de ensino que servisse para todos, além, das lutas pelo incremento de investimentos necessários por parte do Estado Brasileiro para as devidas melhorias da Educação.
E com essa fonte de idéias (o Manifesto dos Pioneiros) que nos inspiram até os dias de hoje, é preciso caminhar, acredito, em duas frentes: a primeira de que precisamos mudar a concepção da maneira de transformar a nossa Educação, ou seja, precisamos fortalecer as discussões que permeiam a construção de um sistema nacional de ensino, porém, que preze pelas particularidades regionais, que seja inclusiva e que esteja diretamente associada aos reais desafios estratégicos de toda a nação como política de Estado; a segunda, de que precisamos lutar, pelo incremento considerável de investimentos na educação, como os 10% do PIB e os 50% do Fundo Social do Pré-Sal para Educação, porém, que sua destinação equalize não só as demandas físicas, mas também, preze pelo capital humano (profissionais da educação).
É preciso fortalecer este grande movimento, através das Conferências, Conselhos, Fóruns da Educação, pois, através da Educação poderemos contribuir de forma significa no debate de idéias e nas discussões que permeiam a construção do desenvolvimento e a definição dos rumos do País.

Por Anderson Diego

5 comentários:

  1. Obrigado a Professora MSc. Kilma Lima, pelas valorosas contribuições dadas e a fonte de inspiração para a construção deste artigo.

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  2. Muito interessante, grande contribuição para continuarmos a incessante luta que se iniciou em 1932 pela construção de uma educação justa!!
    O envolvimento de todos nesta causa se faz importantíssima para que está razão seja fortalecida!!!

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  3. De fato, muitos avanços conquistamos na Educação, muito se investe nas escolas, refiro-me às federais e estaduais. Entretanto, ainda a prioridade não é a Educação. Fala-se muito que "lugar de criança é na escola", concordo. Mas como está se desenvolvendo esse ambiente escolar? Como está sendo o desenvolvimento dessas crianças nesse ambiente, já que criança de hoje é o futuro do amanhã? Será que há uma real preocupação com a Educação e sua funcionalidade?
    A escola ser o lugar da criança foi e é uma grande estratégia na erradicação ao trabalho infatil e consequentemente, maior número de alfabetizados. Isso é bom? Fantástico! Contudo, essa expressão soa mais como depósito, uma vez que, visam apenas o lugar, espaço físico onde crianças devem está. E a formação dessas crianças (e jovens) como futuros cidadãos, questionadores, críticos...?
    Isso é algo a ser pensado e questionado por todos: docentes, discente e sociedade, uma vez que vemos e vivenciamos esse fato.

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  4. Primeiro agradecer pela delicadeza desse menino de ouro!! Esse meu aluno é demais!! Segundo, dizer q desde o manifesto, o caminho da Educação brasileira tem sido uma crescente!! É claro que tivemos atropelos no caminho, a ditadura chegou e foi embora e deixou marcas profundas... mas é importante ressaltar que não desistimos... mesmo quando tentaram nos calar, nossos corações gritavam... e esses gritos não foram em vão!! Muitos avanços tivemos e teremos ainda... é uma luta imensa e deve ser constante... o Brasil vai chegar lá. E nós educadores e futuros educadores temos que permanecer levantando essa bandeira!!

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  5. Obrigado Kilma, grandes contribuições ao debate!

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