O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) determinou nesta quarta-feira (29) a nona redução seguida da taxa básica de juros, também conhecida como taxa Selic porque remunera os títulos públicos depositados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).
O colegiado de diretores do BC baixou a taxa dos atuais 8% para 7,5% ao ano
De acordo com nota divulgada logo depois do fim da sexta reunião do Copom no ano, os diretores do BC optaram por manter a política de afrouxamento do processo monetário. A decisão foi por unanimidade, sem viés – não pode mudar nos próximos 45 dias. O Copom diz que: “considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar a um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia”.
Foi a nona queda consecutiva desde agosto do ano passado, quando a taxa estava em 12,50%. De lá para cá a Selic caiu 5 pontos percentuais, equivalentes a 40%. Mas, embora sirva de parâmetro para os juros bancários, a queda não tem sido repassada pelo sistema financeiro nacional (SFN) nas mesmas proporções. No mesmo período, a taxa média dos juros bancários caiu de 121,21% para 102,97% ao ano. Redução de 18,24 pontos percentuais, equivalentes a apenas 15,04%.
Positivo, mas não basta
Na opinião do presidente da Central dos Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil (CTB), a decisão do Copom é positiva e sinaliza uma nítida mudança na política monetária, há muito demandada pelos movimentos sociais. Os resultados concretos da nova orientação demonstram, segundo o sindicalista, a falsidade dos argumentos brandidos pelas forças conservadoras que, com forte repercussão na mídia, alardeavam o descontrole da inflação para defender a manutenção dos juros estratosféricos.
Os fatos dão razão aos sindicalistas, assinala Wagner, bem como aos críticos da política macroeconômica, e sugerem que as ideias daqueles que a mídia elege como “analistas” e intérpretes autorizados do mercado financeiro não são mais do que o espelho dos interesses rentistas. Juros menores trazem uma série de benefícios para o povo e a economia nacional ao reduzir a escandalosa transferência de renda da sociedade para os banqueiros, estimular o consumo e os investimentos. Mas, é forçoso reconhecer que não basta, assevera.
Segundo o presidente da CTB, o desempenho medíocre da produção no primeiro semestre deste ano sinaliza a necessidade de medidas mais audaciosas. Além de cobrar a continuidade da diminuição dos juros básicos e do chamado spread bancário (mantido em patamares intoleráveis), o movimento sindical reclama a mudança da política fiscal, com uma expressiva redução do superávit primário de forma a liberar espaço para a ampliação dos gastos e investimentos públicos.
Por seu turno, Miguel Torres, presidente em exercício da Força Sindical, declarou que a decisão anunciada pelo Copom mostra que o governo está no caminho certo ao atender os apelos dos trabalhadores.
O sindicalista assinala também que o barateamento do crédito torna mais fácil a entrada do Brasil em um novo ciclo de recuperação econômica.
Torres pede um crescimento vigoroso da economia e afirma que o governo deve continuar a praticar esta política de redução da Taxa Selic para livrar o País da especulação financeira, que acaba consumindo e restringindo o investimento de recursos em Educação, Saúde, Segurança e infra-estrutura.
Da redação do Vermelho
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