Ideia é estimular mestrado e doutorados em instituições privadas
Estímulo. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, espera que proposta induza o setor privado a investir mais O Globo / Givaldo Barbosa
BRASÍLIA - O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa de crédito educativo do Ministério da Educação (MEC) para cursos de graduação, passará a atender também estudantes de pós-graduação. A decisão foi antecipada ao GLOBO pelo ministro Aloizio Mercadante e busca induzir o setor privado a investir mais em cursos de mestrado e doutorado.
Mercadante diz que o projeto será lançado no ano que vem. Dos 187 mil alunos de mestrado e doutorado em 2011, apenas 29 mil — ou 16% do total — estavam matriculados em instituições particulares de ensino. É o inverso do que ocorre nos cursos de graduação, em que as universidades privadas concentram 73% dos estudantes:
— A pesquisa e a pós no Brasil são um esforço do Estado brasileiro. Vamos continuar avançando (nas instituições públicas), mas é importante que o setor privado dispute essa fatia, invista mais em cursos de pós-graduação qualificados.
Regras estão em estudo
Atualmente, o Fies beneficia mais de 578 mil estudantes de graduação, com juros subsidiados de 3,4% ao ano, taxa menor do que a inflação. O prazo de pagamento também é facilitado: três vezes a duração do período financiado, acrescido de um ano, além de carência de um ano e meio. Quem obtém empréstimo para cursar quatro anos de faculdade tem 14,5 anos para quitar a dívida.
O formato do Fies da pós-graduação está em elaboração.
— Estamos ainda detalhando o programa, mas nós vamos abrir um Fies para a pós-graduação. O financiamento é um caminho muito promissor — diz Mercadante.
A lei do Fies prevê a concessão de empréstimos em mestrados e doutorados, mas isso nunca ocorreu. A lei exige que o financiamento seja direcionado a cursos com resultado positivo nas avaliações oficiais. O mesmo vale para a graduação.
Em outra frente, o MEC quer que as universidades públicas aumentem o número de estudantes de pós-graduação. Um balanço preliminar mostrou que é baixa a proporção de orientandos — alunos em fase de elaboração de tese — por professor. Segundo Mercadante, a relação é de três orientandos por docente, quando poderia ser de sete por um, conforme parâmetros internacionais:
— Podemos pelo menos dobrar o número de (estudantes de) pós-graduação com a nossa capacidade de doutores disponíveis. Vamos fazer uma análise criteriosa: cada doutor quantos orientandos tem e por quê?
Bolsas no exterior
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informa que foram formados 12,2 mil doutores e 39,2 mil mestres no país, no ano passado. Instituições privadas responderam por apenas 1.255 doutores e 8.858 mestres. Ao todo, havia 187,7 mil mestrandos e doutorandos.
Mercadante diz que o governo vai estimular a transformação de mestrados em doutorados. Segundo ele, o governo não pretende propor o fim dos mestrados, mas considera que essa é uma discussão a ser feita, uma vez que há países que ignoram essa etapa, matriculando seus estudantes de pós-graduação diretamente no doutorado. O programa Ciência sem Fronteiras, que concede bolsas no exterior, já encampa esse conceito, atendendo apenas alunos de graduação, doutorado e pós-doutorado.
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